sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Resumo - Os Lusíadas (CANTO IV)

D. Fernando morre, e a viúva D. Leonor quer a todo preço que sua filha Beatriz seja herdeira do trono. Porém, a fama de adúltera que a rainha tinha gera desconfiança de que Beatriz fosse filha legítima de D. Fernando, o que faz com que D. Leonor ponha Castela em guerra contra Portugal, de forma que os Lusitanos corriam o risco de perder a sua independência.

D. João (Joane), filho ilegítimo do falecido D. Fernando, decide juntar forças para defender Portugal. Ninguém crê na vitória portuguesa, mas Nuno Álvares, exímio guerreiro português, acredita em João e decide incentivar a população a tê-lo como rei. Aos poucos convence os lusitanos, que agora bramam: “– Viva o famoso rei que nos liberta!”. A guerra começa. Gama fala dos portugueses traidores que ficaram ao lado de Castela, muitos deles parentes dos que ali guerreavam por Portugal. A ofensa dos Portugueses de ter que matar seus parentes é menor do que a dos que estão do outro lado, pois lutam contra sua pátria e seu rei. “Que menos é querer matar o irmão/ Quem contra o rei e a Pátria se alevanta” (32).

Na guerra, D. João se porta como um verdadeiro rei e, enfim, “a sublime bandeira castelhana/ foi derribada aos pés da lusitana” (41). Depois de muitas conquistas e vitórias sobre os castelhanos, os vencedores dão aos vencidos paz, pois os reis inimigos (de Portugal e de Castela) casam-se ambos com “ilustríssimas inglesas”. D. João, “não tendo a quem vencer na terra/ vai cometer as ondas do Oceano” (48), dando inicio à atividade marítima em Portugal. Os filhos de D. João e D. Filipa de Lencastre ficaram conhecidos como “Ínclita Geração” (Duarte; Henrique, o navegador; Pedro; Isabel de Portugal; João; Fernando, o infante santo), pois cada um deixou uma marca importante na história de Portugal. “Ínclita geração, altos infantes”(50), diz Gama.

Com a morte do rei D. João, seu filho D. Duarte passa a governar, mas, diferente do pai, não consegue um reinado “tão ditoso”, pois vê seu irmão Fernando ser morto em cativeiro pelos Sarracenos. Em seguida vem Afonso V, “que a soberba do bárbaro fronteiro/ tornou em baixa e humílima miséria” (54), rei que ficou conhecido pelas conquistas no norte da África e que “fora por certo invicto cavaleiro/ se não quisera ir ver a terra Ibéria” (54). Gama diz isso porque o fracasso de Afonso V começou quando este, após ter conquistado grande parte da África, decide investir contra a Península Ibérica e contra Castela, onde não obtém vitória. A sua ambição e a sua “glória de mandar” o derrotaram.

D. João II, “sublime e soberano, gentil, forte, animoso cavaleiro” (59) o sucede, e é celebrado na história de Portugal por ter delineado o primeiro projeto de viagem em busca do caminho marítimo para a Índia. Porém, os homens que mandara em viagem, tendo alcançado as “terras de Mafamede”, não conseguem completar a jornada e retornar para contar a história (65):

Viram gentes incógnitas e estranhas

De Índia, de Carmânia e de Gedrosia

Vendo vários costumes, várias manhas

Que cada região produz e cria

Mas de vias tão ásperas, tamanhas

Tornar-se facilmente não podia;

Lá morreram enfim e lá ficaram

Que à desejada Pátria não tornaram

D. João, não tendo sucessor, nomeia seu primo legítimo e cunhado D. Manuel e com ele os Portugueses conseguirão o que desde D. João I almejam (66).

Parece que guardava o claro Céu

A Manuel e seus merecimentos

Esta empresa tão árdua, que o moveu

A subidos e ilustres movimentos;

Manuel, que a Joane sucedeu,

No reino e nos altivos pensamentos

Logo como tomou do Reino cargo

Tomou mais a conquista do mar largo

Conta Camões que D. Manuel, ao se deitar, teve um sonho profético. No sonho, dois homens “que mui velhos pareciam” (71) se apresentam ao rei como sendo um o “ilustre” rio Ganges, e outro o rio Indo, assim dizendo (74):

Te avisamos que é tempo que já mandes

A receber de nós tributos grandes (...)

Custar-te-emos contudo dura guerra

Mas, insistindo tu, por derradeiro

Com não vistas vitórias, sem receio

A quantas gentes vês porás o freio

Ao acordar, o rei imediatamente chama seus aliados e conta a respeito do sonho, deixando todos admirados e com a certeza de que aquilo era um aviso dos céus a favor dos Portugueses. D. Manuel então convoca Vasco da Gama para realizar esta missão. “Por vós, ó Rei, o espírito e carne é pronta” (80); e logo Nicolau Coelho e Paulo da Gama se oferecem para acompanhar o capitão Gama. A maioria dos Portugueses, porém, maldiz a viagem dos navegantes, por saberem dos perigos e da “crueldade do mar” (89).

Em tão longo caminho e duvidoso

Por perdidos as gentes nos julgavam;

As mulheres c’um choro piedoso

Os homens com suspiros que arrancavam.

Mães, esposas, irmãs, que o temeroso

Amor mais desconfia, acrescentavam

A desesperação e frio medo

De já nos não tornar a ver tão cedo

Nas praias, entre a gente que acompanhava chorosa a partida das naus, surge a figura do Velho do Restelo, um homem que alteia a voz e profetiza em sua fala as angústias e tormentos que “a glória de mandar” e a “vã cobiça” irão causar àqueles homens. Sua fala, da estrofe 95 a estrofe 104, finaliza o canto IV.

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