sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Resumo - Os Lusíadas (CANTO I)

Nas estrofes 1-3 do Canto I ocorre a Proposição, ou seja, Camões diz do que se trata o poema e a que ele se propõe: cantar (louvar) as armas (feitos militares), os barões (homens ilustres), “as memórias gloriosas” e aqueles que “por obras valerosas, se vão da lei da morte libertando”, ou seja, aqueles que por feitos ilustres deixaram sua marca na história de Portugal. Enfim, Camões irá cantar, de modo geral, o “peito ilustre lusitano”. Nas estrofes 4-5 ocorre a Invocação: o poeta pede ajuda às Tágides, ninfas do Tejo, para que elas inspirem-no a cantar os feitos portugueses. Nas estrofes 6-18 ocorre a Dedicatória. Camões pede a D. Sebastião que dê a ele “favor ao novo atrevimento”, para que os seus versos “vossos sejam” (sejam destinados a D. Sebastião). No canto 19 começa a narrativa propriamente dita. Os portugueses estão em pleno mar quando Júpiter convoca os Deuses no Olimpo para um concílio, a fim de definir qual será o destino da frota de Vasco de Gama – se os portugueses conseguirão ou não encontrar o caminho das Índias. Júpiter, por sua vontade, quer ajudar os Portugueses: “Que sejam, determino, agasalhados nesta costa africana, como amigos, e tendo guarnecida a lassa frota tornarão a seguir sua longa rota”. Baco, entretanto, não aceita de forma alguma a vitória dos lusitanos, posto que isto implicasse na perda de sua fama no Oriente. Baco “teme agora que seja sepultado seu tão célebre nome em negro vaso da água do esquecimento”, ao passo que Vênus, “afeiçoada à gente lusitana”, defende os portugueses, juntamente com Marte. Os Deuses não conseguem entrar em consenso, um verdadeiro tumulto se instala: “Rompem-se as folhas, ferve a serra erguida: tal andava o tumulto levantado entre os Deuses no Olimpo consagrado”. Até que Marte se dirige a Júpiter incitando que este tome a decisão certa: ficar ao lado dos portugueses. Diz Marte “Não ouças mais, pois és juiz direito, razões de quem parece que é suspeito”(Baco) e, assim, Júpiter consente no que diz Marte. Na estrofe 42, é retomado o plano da viagem e aqui encontramos os portugueses “entre a costa da Etiópia e a famosa Ilha de São Lourenço”, navegando tranquilamente até se depararem com batéis e pessoas: era Moçambique. Camões descreve a precariedade daquela região. “Das cintas para cima vêm despidos/ Por armas têm adagas e terçados”. Os Moçambicanos se dirigem ao navio dos Portugueses e o “Capitão sublime” os recebe e “as mesas manda pôr em continente”. Servido o banquete, os Moçambicanos

Comendo alegremente, perguntavam,

Pela Arábia língua, donde vinham

Quem eram, de que terra, que buscavam,

Ou que partes do mar corrido tinham.

Os fortes Lusitanos lhe tornavam

As discretas respostas que convinham:

– Os Portugueses somos do Ocidente,

Imos buscando as terras do Oriente.

No dia seguinte, o regedor da ilha se dirige à frota portuguesa a fim de receber algumas informações. O regedor quer saber qual a religião daqueles homens e Vasco da Gama responde: “A lei tenho daquele a cujo império/ Obedece o visível e o invisível” (a lei de Deus); quer ver também as suas armas e Gama diz: “Como amigo as verás, porque eu me obrigo/ Que nunca as queira ver como inimigo”, mas não as mostra por completo. Inspirado por Baco, “um ódio certo na alma” do regedor vai surgindo, ódio esse que acaba sendo percebido pelos Portugueses. Assim, o grão Tebano (Baco), que planeja fazer com que os portugueses “nunca vejam as partes do Oriente”, desce à terra africana na forma de um velho e sábio mouro, muito conhecido e respeitado na região. Fantasiado, Baco convence a todos os Moçambicanos de que aqueles homens eram maus, eram “cristãos sanguinolentos” que queriam os destruir. Diz ele: “Todos seus intentos / são para nos matarem e roubarem/ e mulheres e filhos cativarem”. O velho diz ainda que, caso sejam derrotados, o regedor deve indicar um piloto falso para que os portugueses jamais consigam o que querem. No dia seguinte, entretanto, os portugueses já pressentiam a emboscada. A batalha é travada e o português “bramando, duro corre e os olhos cerra/ derriba, fere e mata, e põe por terra”, castigando “a vil malícia, pérfida, inimiga”. Vencidos brutalmente, os Moçambicanos sobreviventes, conforme os instruiu Baco disfarçado, mandam aos Portugueses, em figura de “paz”, o falso piloto. E assim partem os lusitanos, imaginando estarem com piloto verdadeiro. Apesar dos esforços contrários de Vênus, os portugueses chegam à ilha de Mombaça, acreditando que se tratava de um povo cristão. Os habitantes de Mombaça, já instruídos por Baco, se disfarçam de cristãos e recebem os portugueses festivamente. “O recado que trazem é de amigos/ Mas debaixo o veneno vem coberto/ Que os pensamentos eram de inimigos”. Camões finaliza o Canto I com esta belíssima estrofe, lamentando a tormenta lusitana:

No mar tanta tormenta e tanto dano,

Tantas vezes a morte apercebida!

Na terra tanta guerra, tanto engano

Tanta necessidade aborrecida!

Onde pode acolher-se um fraco humano,

Onde terá segura a curta vida,

Que não se arme e se indigne o Céu sereno,

Contra um bicho da terra tão pequeno?

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